Airbus Latin America

Destaque

Entrevista com José Luis Garza, Diretor-Geral da Interjet

Mais Artigos Agosto 2011

Entrevista com José Luis Garza, Diretor-Geral da Interjet

Biocombustíveis já são utilizados na aviação comercial latino-americana

Noticias esteve com José Luis Garza, na Cidade do México, para conversar sobre a política da Interjet a respeito do uso de biocombutíveis.
Desde o começo da companhia aérea, em 2005, José Luis Garza ocupa o cargo de Diretor-Geral, desempenhando um papel importante no desenvolvimento da política de meio ambiente da Interjet. Em abril deste ano, a Interjet realizou o primeiro voo de demonstração no México com biocombustível à base de Jatropha, utilizando um Airbus A320. No final de julho, a companhia aérea completou com sucesso seu primeiro voo comercial com biocombustível. Dois voos saíram propulsionados por motores CFM, usando aproximadamente 30% de biocombustível em um dos motores.

1. O que levou a Interjet a liderar o uso de biocombustíveis na aviação do México e da América Latina?

O uso de biocombustíveis se insere na filosofia da empresa, estabelecida pelo presidente do nosso conselho desde o início da Interjet, há quase 6 anos. A partir daí era preciso que tivéssemos aviões e motores mais eficientes em matéria de consumo, de ruído e de emissões no meio ambiente. O Doutor Miguel Alemán (Presidente da Interjet) entendeu desta forma e colocou essa questão como um objetivo nosso, sendo um dos fundamentos sobre os quais a companhia foi concebida e que vai além do uso de aviões eficientes ou de biocombustíveis, buscando ser uma companhia respeitada a nível global e responsável com o meio ambiente.

Quando iniciamos o estudo sobre biocombustíveis, pesquisando o uso de diferentes vegetais, consideramos inicialmente uma planta mexicana chamada Salicornia, que foi selecionada para pesquisa e desenvolvimento. Este projeto não prosperou e mais tarde descobrimos a planta Jatropha. O governador de Chiapas e o Doutor Alemán, entendendo o potencial dessa planta, lançaram o projeto e, deste modo, se formou um grupo de trabalho do qual faziam parte a Airbus, a CFM, a UOP-Honeywell, a ASA combustíveis e a Interjet. Mais tarde, após um ano e meio de trabalho contínuo, nossos esforços resultaram em um primeiro voo de teste, em abril de 2011.

Quando ficou estabelecida uma norma internacional para o uso de biocombustíveis, nos preparamos para o primeiro voo comercial do mundo. Mesmo estando preparados, não conseguimos ser os primeiros a nível mundial neste quesito, mas fomos os primeiros no México, o que nos deixa muito orgulhosos. Acreditamos definitivamente que o México tem grande potencial e que apresenta condições únicas e particulares que podem colocá-lo na liderança mundial da produção de biocombustíveis.

Com nossa contribuição, também queremos chamar a atenção do governo mexicano para que estabeleça políticas públicas que estimulem os produtores e os usuários de biocombustíveis.

2. Poderia comentar de forma mais detalhada a estratégia da Interjet ao trabalhar com fornecedores locais da Jatropha?

O esforço feito em torno dos biocombustíveis em Chiapas, impulsionado fundamentalmente pelo governo daquele estado, foi muito importante para o projeto. Tudo começou com uma característica especial da planta Jatropha, que se transforma em árvore, o que permite o seu reflorestamento. O processo tradicional de desmatamento no México é muito comum nos países tropicais subdesenvolvidos. As florestas são destruídas para o cultivo com o uso de queimadas e do arado. Como a terra é relativamente pobre, logo se esgota e os agricultores se mudam deixando a região desmatada e abandonada. Depois de séculos desta prática, uma grande parte de Chiapas apresentava áreas desmatadas em estado crítico.

O que está sendo feito neste momento é o reflorestamento desses terrenos com a utilização da planta Jatropha, que cresce muito bem em terrenos áridos. Durante os 5 anos que a planta leva para produzir as primeiras sementes e frutos, o governo paga aos camponeses um valor fixo por hectare, com a contrapartida de que eles se comprometam a cuidar das árvores até que elas atinjam a fase de crescimento, contribuindo desta maneira para o aumento da renda familiar. Com essa política, o governo de Chiapas está conseguindo atingir vários propósitos de uma só vez: reflorestar, dar trabalho à população que vive no campo e gerar uma fonte de renda permanente para os camponeses. Depois que a Jatropha produz as primeiras sementes, elas poderão ser colhidas uma vez por ano e vendidas para a produção de biocombustível. Hoje em dia já está instalada em Chiapas uma pequena indústria que transforma óleo vegetal em biodiesel. Esse biodiesel já abastece grande parte do transporte urbano (ônibus) na capital do estado, Tuxla Gutiérrez, e em Tapachula.

O produto final está se tornando realidade aos poucos, mas ainda não se pode considerar um projeto rentável. A iniciativa governamental vai além, sendo que hoje é considerado como um projeto de auxílio à população. A Interjet quis destacar essa característica e fazer parte desta iniciativa por ser um esforço federal, estadual e por acreditar que este modelo pode ser aplicado a várias regiões do México.

3. Os aviões dedicados aos voos com biocombustível trazem a inscrição “Ecojet” na fuselagem. Trata-se de uma nova campanha que a Interjet está lançando? Em que consiste esta campanha?

Quisemos dar visibilidade aos voos com biocombustível utilizando a inscrição Ecojet, que já está registrada no México, nos aviões que participaram desses voos.

Decidimos deixar a inscrição e o logotipo Ecojet como uma marca desses eventos e atualmente contamos com 3 aviões que apresentam esse logotipo. Cada voo realizado com biocombustível recebeu uma designação própria e, no futuro, queremos fazer um registro de cada voo comercial realizado com biocombustível que ostentou essa marca. Até o momento, conseguirmos realizar um voo de testes e dois voos comerciais da Interjet. O voo Ecojet 001 realizou o trecho entre a Cidade do México e Tuxla Gutiérrez, sendo que o último (até agora!) foi o voo Ecojet 002, que regressou de Tuxla.

4. Como estão reagindo os passageiros frequentes da Interjet às iniciativas da companhia em relação aos biocombustíveis? Estas iniciativas estão atraindo novos passageiros?

A reação do público foi fantástica e muito positiva para a Interjet. A divulgação feita tanto do primeiro voo de demonstração como do primeiro voo comercial causou um impacto extraordinário na sociedade em geral. Por meio das redes sociais, recebemos uma quantidade enorme (milhares) de mensagens no Twitter comentando de forma muito positiva a iniciativa.

Com relação aos passageiros, também recebemos uma grande quantidade de comentários e de e-mails parabenizando a Interjet por esta iniciativa, especialmente entre a população mais jovem do México, que são uma parte muito importante do perfil do nosso cliente. Acreditamos, definitivamente, que esta iniciativa tem estimulado passageiros freqüentes, e novos, a viajar e que o projeto resultou em um benefício mercadológico extraordinário para a Interjet, como resultado de termos tomado essa atitude positiva e proativa em relação ao meio ambiente.

Mais informações:
Amaya Rodriguez Gonzalez
Marketing Director, Airbus Latin America & Caribbean
amaya.rodriguez-gonzalez@airbus.com

Airbus.com